ENFRENTADO POR MEDO ("Não sei... Claudeci Ferreira de Andrade
ENFRENTADO POR MEDO ("Não sei de nada, mas sinto tudo." — Leila Jácomo)
Fico assombrado, quando passo nas ruas e os cachorros latem só para mim. Por que os cachorros latem para uns e outros não? Tentando descobrir o motivo desse fenômeno horripilante, observei que onde estou, se passar um bêbado ou um maltrapilho da rua, eles vêm logo falar comigo. Tentei relacionar essas atrações indeslindáveis. E me veio a pergunta adicional: exalo medo pelo cheiro de minha pele ou são só minhas expressões corporais despropositadas que os convidam? Se o desatinado sou eu, então eles correm para aquilo que o faz sentir-se bem, mas a mim cabe a reação de meu desconforto, então procuro distanciamento imediatamente. Se latem é para se protegerem de mim ou me cumprimentam como um disfarce de sua coragem, enfrentando o fantasma que os ameaçam. Não sei! Mas, sei que talvez eles tenham sentidos tão apurados que percebem, através de meus poderes áureos e sensitivos sobre o que penso deles. Ou ainda os mesmos fluidos correm por nós, anunciando a morte de dentro para fora. Tenho medo deles, por isso morrem de medo de mim. (Cifa