Às vezes a gente se apaixona e não é... Marcela Dutra

Às vezes a gente se apaixona e não é correspondida. Às vezes alguém se apaixona por nós e não correspondemos. Às vezes amamos e somos amados e não ficamos juntos! Esse negócio de amar é complicado. Quando a gente ama o certinho, a família fica feliz. Quando a gente ta com um que não é o mais certo, a família não aceita. Porque tudo isso? Porque as pessoas não respeitam a decisão de cada um? Porque aquele pode, aquele não pode, esse sim, aquele não? Que mundo é esse? Ninguém respeita o sonho de ninguém?! Não tem nada melhor do que amar e ser amado. Mas quando alguém critica, a cabeça pesa, o sentimento é estranho. O sofrimento é algo evidente quando isso acontece. Querer estar com aquela tal pessoa, mas saber que a pessoa mais importante do mundo não quer? E sabe, a pessoa fica sem saber o que fazer. Acatar a vontade da família, ou ignora-la? Ignorando estará indo contra o porto seguro. Aceitando, vai deixar de acreditar numa coisa que quer. Incerteza, dúvidas. Tudo vem a cabeça nessa situação. Mas uma forma de solucionar esse problema ainda é difícil de encontrar. Como explicar essa situação? Brigar com a família por ele? Ou brigar com ele por uma decisão injusta da família? Não sei o que fazer. To perdida, apavorada. Quem recorrer nessa situação? Ninguém pode tomar essa atitude a não ser eu. Mas como toma-la? Minha cabeça ta repleta de perguntas sem resposta. Queria poder não existir nesse momento, ou existir podendo tomar as decisões que eu quero. E o que eu quero? Será que eu ainda sei? Se a vontade dela for irredutível, eu não teria coragem de fazer algo escondido. Mas também não saberia como dizer que chegou ao fim. Ah, como eu queria que ela aceitasse as coisas. Como eu queria que ela soubesse o que se passa na minha cabeça, o que existe no meu coração! Queria que ela acreditasse nesse sentimento. Queria que as coisas dessem certo pelo menos uma vez. Queria poder dizer que eu estou feliz ao lado de quem eu realmente gosto. Será que eu vou ter essa chance? Chance de dizer pra mãe que é ele que eu quero nesse momento? Que eu estou disposta a encarar essa distância? Sim, eu estou disposta a encarar a distância pra ficar com ele. Também não tenho medo de estar com alguém que não tem o mesmo maldito nível cultural que eu. Eu estou disposta a estar com alguém que pode demonstrar ser inferior a mim, mas que na hora de ta comigo, é de igual pra igual. Eu me disponho a enfrentar esse desafio. Não me preocupa o fato dele não ser rico, não ser da melhor família do mundo. Me preocupa ficar longe dele, me preocupa não ter ele por perto. Isso sim é motivo de preocupação. Ai que vontade que eu tenho de entregar isso pra ela, de fazer ela ler isso, e ver que eu to gostando dele. Fazer ela dar uma chance pra eu mostrar que apesar dele não ser o guri inteligente, ele é o guri que eu gosto. Vontade de não estar aqui mais, vontade de mostrar pra ela, vontade de ta com ele, vontade de ta abraçada nele, vontade de ele estar aqui em casa, e eu poder provar que ele me deixa feliz. Essa vontade só é apagada quando eu lembro que ela não permitiria tal acontecimento. E agora? Dispensar quem eu quero e quem eu gosto? Não seria capaz. Na verdade eu não seria capaz de ir contra a vontade dela nem dar um ponto final com ele. Eu necessito que ela aceite isso. Necessito que ela me deixe ficar com ele, que ela acredite que eu não vou deixar a minha vida pra viver a vida dele. Eu posso não ser adulta, mas estou bem longe de ser uma criança. Sei o que eu posso e o que eu não posso. E eu sei que posso converter essa situação, só não sei como. Meu Deus, que mundo estranho. Será que ninguém entende um sonho?