AUTO CARINHO zelam-me como quem não... Fabrício Hundou
AUTO CARINHO
zelam-me como quem
não sabe tocar violão
fazer feijão ou assobiar
usando quatro dedos à boca
em suprassumos de cuidado
tranquilizam-se porquê
observam que observo
os tapetes enrugados / desemborco chinelos /
enxugo panelas / selo bem as tampas
se tenho desleixo
então, tenho desleixos inofensivos
mágoas hibernadas
graus de competência pra lidar com infinitos
beijam-me porquê antecede à apneia qualquer medo
nunca ensaiam as formas impessoais
pra perguntar aonde vou com essa carapuça servida
acho que eles têm astúcia quando me prometem futuros
pleiteiam em mim a passibilidade da loucura
estrambelham-se com essa minha arrogância y
liberdade
sinto que cresço hígido
em atitudes
de auto carinho