Valendo-me Nasci num Vale. Este vale... Marcio Batista
Valendo-me
Nasci num Vale.
Este vale chamava-se Baixa da Gia,
Sem rios ou geleiras, e
Com um processo geológico de origem que desconheço.
Reconheço, porém, que o nome da localidade foi dado pelo retrato:
Riachos que se tornaram esgoto não encanado.
As montanhas, eram morros de areia brancas e cascalho acrescentado pela mão humana.
Os habitantes, em sua maioria retirantes,
Vieram para essa área de restinga por aproximação ao fascínio litorâneo.
A rua, trazia nome de fruta,
Algo para representar o que tínhamos em abundância.
Chãos e tetos naquela época foram generosidade,
Um complexo de vários braços.
Canto de pássaros, cheiro das flores, sabor dos alimentos nativos...
Ôh... Saudades de Dn. Neguinha e de Sr. Chico.
De pés desnudos e em companhia das pulgas,
Tudo era a maior alegria,
Do mutirão para espalhar o barro nas ladeiras ao conserto das pontes de madeira que a chuva varria.
Artesãos, pescadores, quituteiras, ganhadeiras, pedreiros, agricultores, músicos, artistas, capoeiras...
Os ventos por aqui reluzem realezas.
Fico feliz em compor minha quebrada em versos.
É uma forma de dizer muito obrigado ao passado,
Me firmar no presente, sem deixar de acolher o novo e a vida futura,
Assim como diz a filosofia africana Sankofa.