QUE MERDA Tomei uma porrada aos... Isabela Guaranys
QUE MERDA
Tomei uma porrada aos trinta e cinco.
Fiquei dormente.
Depois de anos superados, coração sarado
Voltei a rir, sonhar sem par.
Até que um dia ao estudar resolvi paquerar.
Que merda tentar!
Ao me atrasar, só fiz desagradar.
Nos afastamos sem palavras trocar.
Até que voltamos a nos falar depois de anos a rolar.
E veja só...
Que merda tentar!
Recebi a proposta de recomeçar.
Fiquei feliz com o silêncio quebrado e o desculpar daqueles lábios pronunciado.
Começamos a namorar e veio a questão...
Um filho porque não?
Um sonho a prova, e pressão para a estruturação.
E o currículo?
E o currículo?
E o currículo?
Quando ia a distribuição,
Recebi um decreto e não um apoio.
“Três meses senão...”
Que merda tentar!
Quando estava a gostar, a sonhar, a ver bem perto um plano de vida cumprido...
Me pus a chorar.
Um decreto.
Três meses sem ver a pessoa e um trabalho na mão.
“Senão...”
Que merda tentar!
Achei que o veria após uma semana cheia de entrega de currículos.
Achei que era o cara que encheria minha barriga de filhos e que chamaria de amor até o fim da vida.
Achei que dividiria novos sonhos, viagens, e histórias.
Mais uma vez.
Que merda tentar!