O Caminhar Andrajo Todo tempo a viver... Samuel Eduardo Fortes
O Caminhar Andrajo
Todo tempo a viver intemporal
Vais saber que " pedradas " ou tareias que levaste
Eram elas ,também do outro lado
Eu que tenho sentido o piscar dos moços do frete,
Eu tenho visto o andar andrajo do peso que carregas
Eu que passeio e vejo no passar do passo o futuro vazio
No descarrilhar de uma linha reta
No encontro de trechos de uma escada espiral
No encontro de cartas que me cobram sem valor
Na cantiga anotada na parede de um muro sem tinta
Na entrada da casa de uma parede sem porta
Na batida do vento do percolar noturno
Vendo passar o castigo do só em algum momento
Vendo ir e bem devagar a folha soprada pelo vento
Vendo no chão a sandalha esquecida por qualquer criança
Assistindo ao chão a briga de qualquer boneco fantasma
Assistindo assim mesmo o deitar do cansado boneco
Assistindo a metade quebrada de todo brinquedo
Passando pela rua daquela casa maldita
Passando por mim em um local poente
Passando por mim a vida vendida na venda
Com vendas nos olhos de um cego tapado
Com marca - passo de um cardíaco romântico
Com a muleta encostada sem nenhum firmamento