agora que é agosto e nós já... Francisco Mallmann
agora que é agosto
e nós já sentimos
sono e sede
fome e angústia
agora que seguimos
vivas neste país
a febre dos trópicos
o inverno da guerra
agora que o ano
já escorregou em
definitivo para o
lado do fim
eu coloco meu corpo
voltado cada vez mais
ao sul do mundo
e aceno com os
braços cansados
enquanto sussurro
boas-vindas
ela vem
para me lembrar
que dor é matéria
de pegar
com as mãos
para me lembrar que
dor se contém
que dor também se
traça
igual cabelo