Exaurido Lábios sedentos, taças... Bia Pardini
Exaurido
Lábios sedentos, taças decadentes flutuam no mergulho raso do abandono,
um bolor da lembrança do trono.
Gotículas escorrem do corpo cansado
borbulham no coração enfastiado e nauseado.
Pobres lábios carentes de prazeres, desejos reprimidos, coibidos,
das taças, só veneno amargo, áspero, ácido
na escuridão do isolamento insípido.
Iluminada a translúcida água que restou a deriva
do desalento exaustas gotas rareiam.
A matéria inerte quase sem vida
verte o líquido do prazer enfraquecido, envelhecido, ferido, caído
finito...
(Bia Pardini)