Devaneio A lágrima se perdeu no... Bia Pardini
Devaneio
A lágrima se perdeu no curso natural devastada pela tempestade que abria gavetas na memória enlutada do esquecimento que se fez presente.
Era uma noite escura e velas resistiam aos ventos intensos violentos;
nas gavetas as sensações da imaginação criavam um passado que sucumbiu na tempestade da perturbação intempestiva e inoportuna.
O que haveria do outro lado do absoluto esquecimento de cenas agora vazias de vida, vítima de versos talvez revoltos, escrotos ou singelos, quem sabe, esculpidos e tingidos de paz, pureza, leveza ou até carmim do amor?
Cenas criadas, concebidas, fantasiadas remeteram a uma multiplicidade de sentidos, imagens falsas, talvez geradas e abortadas de um juízo errôneo, irrefletido.
Qual deus, qual nada, qual tudo lhe suprimiu, subtraiu a memória como um larápio poderoso que sublimou, se apropriou daquele passado na gaveta vazia da solidão.
Os ventos violentos cessaram; desistiram do tormento do escuro; as cenas vividas na imaginação aguçando os sentidos se foram.
A realidade de volta ao presente permitiu que a lágrima seguisse seu curso natural e de mãos dadas com a solidão na letargia do tempo olvido nem verso nem rima nem nada...a deriva...
(Bia Pardini)