⁠Sou o pau torto e enrugado que não... Leila Magh

⁠Sou o pau torto e enrugado que não teve preguiça de crescer.

Sou A distância entre irmãos, que aumentou após um morrer.

Sapo-cururu, bicho “feio” e asqueroso, feito assim para ninguém comer.

Sou flor bela e mau cheirosa que só abri a noite para ninguém vê.

Sou A culpa do acidente que ti atormenta a vida ao amanhecer.

Sou "parafuso" sem rosca que só terá função, se alguém na minha cabeça bater.

O cachorro que cai do caminhão de mudança, que cheira o mundo desorientado sem nada entender.

A marionete do fracasso, que sem um animador, está jogada numa caixa qualquer esperando o cupim comer.

Sou bicho do mato que, só come o que caça, só caça o que se come, para assim sobreviver.
Sou lenha verde que alimenta a caldeira, que canta ao queimar, sem plateia, sem aplausos, apenas para um forno aquecer.

Sou a primavera sem flor, o lombo do animal acariciado pelo chicote, a lágrima não percebida, sou a grandeza do mundo, sou os males da vida.