Quem conheceu e enviou telegramas... Andre Saut
Quem conheceu e enviou telegramas sabe que era preciso economizar nas palavras, pois cada uma era cobrada lá no balcão dos Correios e Telégrafos. Assim o texto era visto e revisto para não mudar a intenção da mensagem. As fotografias também, antes de darmos o "click" ou "bater" uma foto, ela era planejada, pois o filme normalmente tinha 12 poses, 12 oportunidades de fazer a foto perfeita. Então chega a era digital, escrever não custa mais nada, fotografar muito menos, e assim o texto deixou de ser planejado, deixou de ser, visto e revisto, o tempo entre o pensar e o agir tornou-se milésimos de segundo, não existem mais aquelas folhas de papel amassados jogadas ao redor da lixeira pois quando a carta não expressava o sentimento, e você amassava e começava tudo de novo. Agora as mensagens não ficam mais guardadas entre as folhas dos livros ou em caixinhas de madeiras cheias de lembranças. Não sei se este tempo volta, mas quando encontro em meio as páginas de um livro de papel amarelado uma foto antiga, um telegrama ou uma carta escrita a caneta, o tempo para e a curiosa alegria transforma um momento em uma eternidade de lembranças. Você lembra que cada pessoa tinha uma letra, cada pessoa era única e que as mensagens eram verdadeiras. Porque ficavam gravadas, sem cópia, para sempre, eram eternas. E pela letra dava para saber quem escreveu e até para "enxergar" o sentimento da pessoa quando a escreveu, dava para sentir o coração...e às vezes a lágrima que borrava a tinta pintava a alegria ou a tristeza do momento em que foi escrita. Saudades deste tempo, deste tempo mais humano. Decidi, vou te escrever uma carta e se você não conhece minha letra, vou lhe apresentar e você vai aprender a ler sentimentos escritos, descritos e planejados, letra por letra.