O GURIZINHO Foi num sábado bem cedo... Thiago Rosa Cézar
O GURIZINHO
Foi num sábado bem cedo
O sol brilhava sozinho
Só se via o cantar
Dos mais lindos passarinhos
Foi aí que eu ouvi
Um pequeno barulhinho
Quem batia em minha porta?
Um pequeno gurizinho...
Abri a porta depressa
O que houve menininho?
Cheguei a me assustar
Maltrapilho e magrinho
Com uma cara de fome
Pobre daquele anjinho!
—Me perdoe meu senhor
Lhe peço de coração
Apenas um cafezinho
E um pedacinho de pão
E se não incomodar
Me desculpe a intromissão
Se tiveres um pouco mais
Pra mamãe e meu irmão.
O resto desta história
Não é preciso contar
Alimentei o pequeno
Não é preciso falar
Me encheu os olhos de lágrimas
Não é para se gabar
Ainda sobrou um pouco
Embrulhei "pra" ele levar
Eu fico imaginando
É triste, mas é verdade
Quantas crianças no mundo
Pequenas, de pouca idade
Passam fome, passam frio
Durante a mocidade
Mazelas do ser humano
Terrível realidade!
O que dói no "bicho" homem
E apequena a esperança
Não zela por ninguém
E não cuida das crianças
Briga por qualquer coisa
Casa, dinheiro e herança
Parece que só surgiu
Pra ser o "rei da lambança "...
Aqui vai este versinho
Me perdoem a intromissão
Rogo aos nossos jovens
Que prestem bem atenção
Cuidem do semelhante
Tratem-no como irmão
E antes de ter os filhos
Reflitam com o coração...
É como diz o poeta
Se pondo a criticar
Infelizmente o homem
É triste, mas vou falar
Um "bicho" que só existe
Com intuito de matar
Quem não cuida nem de si mesmo
Dos filhos, não vai cuidar!