Quero Viver! Sinto vontade de viver,... Arcise Câmara
Quero Viver!
Sinto vontade de viver, desculpa para não agir, sempre teremos, motivos para não se cuidar temos de monte, fui parte do problema, não me cuidei e acabei adoecendo.
Minha cabeça estava dividida entre remorso e indiferença, remorso porque adoeci e adoeci quem amava e indiferença por ter acreditado que Deus já sabia quando me criou o que eu sofreria e tudo que aconteceria na minha vida, sem me preocupar com o conselho: Vigiai e Orai!
Por dias desperdicei tempo com pena de mim mesma, eu sei que só passei por esse sofrimento porque eu me arrisquei, eu não estava preparada para reencontrar amigos, a minha imunidade estava baixa o suficiente para não sair de casa.
Eu me escondi atrás de cada dificuldade, fiquei com medo do julgamento, fui debochada com o vírus, quando a cabeça não vai bem, contamina o corpo. Senti raiva de mim mesma e passei a ter raiva e até ódio de quem se comportava como eu me comportei.
Recebi bondade, gentileza, alegria e confiança, mas não tinha força para reagir contra o que me destruía, senti bem na pele o peso da irresponsabilidade. Não foi carência, foi teimosia, foi me achar forte o suficiente para passar ilesa.
A vida significava tudo para mim, mas minhas atitudes é como se nada significasse, se pudesse escolher ou voltar atrás, tomaria outro rumo. O que aconteceu, aconteceu, não dá para voltar atrás, mas tive a chance de consertar e quantos não tiveram essa chance?
Às vezes, muita gente gosta da gente, mas e a gente, que amor temos por nós?
Aprendi a gostar um pouco mais de mim, aprendi a me respeitar e respeitar quem está ao meu redor. Vivemos num mundo cheio de oportunidades, sacrifícios, amor, amizade, autoestima. Vivemos sem a clareza do que queremos e acabamos não conquistando nada porque não há meta.
Como já havia feito algumas vezes, tive a vontade de vencer e pedi uma nova chance, rezava para que tudo passasse, inclinei a cabeça em reverência e com o tempo a mudança foi acontecendo e a preocupação diminuindo.
As chances pareciam mínimas no início, a vida ficou dura, mas o que mais me incomodava era o sentimento de pena que todo mundo sentia. Comecei a ter medo, minha confiança acabou e qualquer pensamento que me leve a me arriscar foi banido.
Nesse tempo dormi bastante, fiquei irritada e grosseira, desleixada, tola e sem equilíbrio emocional. Passei a tomar leite quentinho com tapioca, caldo de galinha e exercitei a prudência.
Esticava as pernas e entendi que precisava ter um bom relacionamento comigo mesma, seguindo todas as orientações médicas e farmacológicas. Muita gente nem sabia o que tinha acontecido comigo, sumi das redes sociais e passei a valorizar o Netflix e os livros.
Eu me tratei sem amor, depois recuperei a contemplação do barulho dos pássaros e o astro e rei Sol. Eu assumi um compromisso comigo mesma e isso refletiu na alimentação, passei a consumir mais chás, mais frutas, mais água. Aliás a ingestão de mais água estava escrita até no meu receituário.
O sol esquentava até cedinho, tinha facilidade em admirar a natureza e por incrível que pareça, curti cada minuto que fiquei em casa, a vista do rio, do teatro, da ponte, espantava os maus pensamentos.
Nunca senti necessidade de aparecer ou ficar me afirmando, mas tinha a necessidade de ser ouvida, amada, entendida que errei e vou usar meu erro para ajudar conscientizar pessoas.