Me dizem cafuza, eu entendo confusa... Ingrid Ribeiro
Me dizem cafuza, eu entendo confusa
Nem índia, nem negra, muito menos branca
Confusa de novo, me sinto um estorvo
Peguei o tom de cuia e os cabelos negros dos índios tupi marajoara
o nariz e a boca dos negros que vieram da senzala
ainda assim, me pergunto qual meu lugar de fala?
Não sei, mas sinto dever de defender a todos
como se cada um deles fizessem parte do meu corpo
ignorar o meu passado ancestral, é impossível
a vida em todos os lugares, me lembrou que naqueles lugares
eu seria oprimido.
Paciência, é o que meus ancestrais pedem.
Um dia, todos nós estaremos presentes em todos os lugares
e dirão que racismo e a escravidão, foi uma fase
Uma fase dura, com certeza
que durou muito mais do que gostaríamos, mas de novo paciência.
Só chegamos onde chegamos,
porque muitos irmãos deitaram literalmente, a sete palmos do chão
para que essa força virasse nossa própria ascensão.