"A sutileza de um abuso"... Elaine Cristina de Almeida...
"A sutileza de um abuso"
Engole teu choro;
Para de reclamar;
Cadê o sorriso na cara?
Você já tá enchendo o saco com isso;
Se não vai falar nada de bom, cale se!
Não quero saber;
Não quero ouvir;
Não tenho nada a ver com seus problemas;
Já bastam os meus;
O filho é teu, você que fez;
Resolve você;
Preciso dormir;
Nunca mais me conta nada;
Nunca mais me incomode;
Enquanto não estiver melhor nem adianta;
Não sou obrigado a aguentar você assim;
Se eu te bater pra ver se reage, ainda vão querer me prender;
Você não era assim;
Porque você está assim?
Como você é sensível;
Ahhh não vai chorar agora né?!
Não aconteceu nada;
Você que é sensível demais.
As sutilezas em algumas frases, o abuso escondido atrás de uma falsa boa vontade, uma falsa preocupação, um falso afeto.
Isso é somente o pouco que muitas mulheres suportam em seus dias.
Suportam por acharem que não há outra opção, suportam por jugar amar o agressor, por medo de seguir sozinhas, pelo medo de reagir, mesmo que com palavras e tudo se tornar físico.
A agressão psicológica é tão devastadora quanto a física, ela só é invisível. A pessoa agredida vai se tornando em um nada, se julgando um lixo inútil que só está alí para estorvar, sua autoestima se transforma em "nada", sua Alma sangra calada, com vergonha, com medo.
Os dias e as noites são intermináveis, cada ação para se levantar da cama precisa de uma força descomunal, já que aquele corpo não possui mais Alma.
E isso é somente um pouco do que aquele Ser frágil, e agora doente da Alma precisa suportar além de ter que se manter em pé, sorrindo para que os outros não percebam tudo o que se passa em seu mundo interior.
A manipulação através das palavras é sútil, a vítima só consegui perceber quando o emaranhado já tomou conta, mesmo por que, no início ela até se acha importante na vida do agressor, leva tudo aquilo como um gesto de amor e atenção por parte dele, que aquilo é somente o modo dele pra faze la reagir perante os problemas da vida.
Toma aqui os medicamentos que o médico te receitou;
Você não reage nem com estes remédios;
Você agora só quer ficar jogada nessa cama;
Você não se cuida mais;
Você não se arruma mais;
Parece que não quer mais viver;
Não liga mais pra casa, pras crianças;
Quer matar a gente de fome?
Só eu trabalho nessa casa igual a um condenado pra trazer comida;
Você não liga pra mais nada.
Não serve nem como mulher mais;
Depois quando arrumo outra vai ficar aí chorando.
Parece que nem quer mais viver!