Será que estamos dispostos a irmos a... Elaine Cristina de Almeida...
Será que estamos dispostos a irmos a fundo?
Será que estamos dispostos a irmos a fundo, ou nos contentamos com nossos periféricos?
Perguntas de um aspecto amplo e diverso;
Uma coisa é certa, quem se acha curado de suas mazelas, nunca teve acesso ao seu mundo interno de fato, só vivenciou suas periferias;
Provavelmente por desconhecimento de sí, ou por uma pequena noção do que se encontra alí dentro;
Cutucar feridas, doe, sangra, e pode não ser tão fácil estancar;
Então vamos colocando curativos, um encima do outro, de tempos em tempos, lavamos com lágrimas, e trocamos o curativo;
Mas as feridas estão lá, não cicatriza, por que não usamos o remédio certo, cada uma dela tem um remédio específico para sua cura, e muitas vezes precisamos de uma ajudinha extra, mas acabamos deixando pra lá, acreditando que refazendo o curativo, uma hora vai estancar;
Ontem tive o privilégio de participar de duas Constelações Sistêmicas, atuando em conjunto com os demais, e desta experiência, pude constatar que a dor do outro também dói em mim, que as dores são muito semelhantes, porém sentidas em proporções diferentes, em um dos casos, doía mais em mim do que no próprio constelado, constatação do mesmo;
Carregamos memórias que nem nos damos conta, não nos damos conta de que um fato, por exemplo, vivênciado talvez na infância, se arrasta por décadas, e que a única coisa que fazemos com o passar dos anos, é trocar curativos, e o gatilho disso tudo é acionado, várias e várias vezes ao longo destes anos, ele pode surgir de várias maneiras, e enquanto não for realmente tratado, ressignificado, não existirá a cura, ou pelo menos criar uma visão diferente no modo de caminhar;
Uma coisa é fato, não existem vítimas ou algozes, somos nossos próprios algozes, e quando usamos experiências não satisfatórias como muletas, somos vítimas de nós mesmos, e não das circunstâncias, digo não existir ambos por acreditar que toda causa tem sua consequência, toda ação, mais cedo ou mais tarde terá a reação como resposta;
Enxergar e admitir tudo isso, é um processo de mais dor, e talvez o motivo dos curativos intermináveis, da busca pelos entorpecidos paliativos;
Tudo o que não acessamos, não curamos, irá nos acompanhar por tempo indeterminado, encarnação a encarnação, num ciclo de vícios e cada vez mais dores;
Então nossa grande missão, acredito eu, seja a busca do encontro das partes doentes em nós, ao ponto de não ser mais possível nenhum tipo de curativo;
Quando é dito que uma ferida curada, pode curar nossa ancestralidade, é por que ela pode de fato, porque só assim, existirá o perdão, o auto perdão, a ressignificação de uma situação, e a aceitação de que tudo é como deve ser de fato, sem vítimas ou algozes;
Buscar o abandono de nossas muletas, é o passo inicial para uma vida digna de merecimentos e de prosperidade, e isso só depende exclusivamente de cada um de nós.
Encontrando a ferida, podemos dar início ao nosso processo de cura!
E quem disse que seria fácil?
Gratidão imensa por todas as experiências que nos dignificam