A porta (in memória da minha vó... Alexandre Sebin
A porta
(in memória da minha vó Maria das Dores da Costa Sebim)
Doce Maria, hoje eu abrir a porta do tempo para lhe ver, juro, não suportei a saudade que apertava meu coração nesses dias, fui longe viu, fechei meus olhos, e me transportei para nossas primeiras risadas, e sentir tanta coisa, foi como se eu estivesse esquecido deste século e desta vida, fui ao encontro do nosso cantinho, sim, aquele que eu jamais sequer imaginaria que lhe perderia um dia, então eu abrir mais uma porta, e vi a Senhora na cozinha, segurando seu caneco de água quente para passar o café, toquei em seu ombro e sentei à mesa contigo, ali parado ouvindo suas história do mar, ouvindo dizer do Armando, e de como a vida foi dura contigo, e de como nunca perdeu sua fé, o radinho tocando ao fundo e o cheiro de perfume invadiu a sala, suas risadas altas, que em um instante fora paralisadas pelo cheiro de arroz queimado, ah doce Maria, foi magnifico voltar a mesa contigo, meu coração foi acalmado por uma paz espiritual, pude sentir a mão de Deus sobre nós, e de repente a doce Maria foi sumindo, sumindo, e eu acordando, acordando.