MINHA FACE. Em que espelho ficou... Paula Smith
MINHA FACE.
Em que espelho ficou perdida a minha face? Não sei responder, mas como não sou só face, sou muito mais, isso não importa. Às vezes acordo triste e nem sei o porquê dessa tristeza. Então me pergunto: De onde virá? Realmente não sei, apenas tento ñ detê-la em mim. Uma angústia, um descontentamento, uma solidão interior. Muitas vezes uma vontade de chorar, uma fragilidade que nada parece estar bom. Quem já passou dos 50, sabe do que estou falando e quem sabe até possa me entender, certamente também já tenha passado ou se encontrado assim. Quantas vezes eu me olhei no espelho e me curti esbanjando alegria... Quantas vezes fui elogiada, fotografada por olhares cheios de admiração...e no espelho desfilei caras e bocas...ah, que fase maravilhosa! Mas aos poucos essa fase foi se modificando e dando lugar a um outro tipo de mulher: a mulher madura, aquela que muitas vezes ouve um elogio e ainda custa a acreditar q seja sincero...custa a acreditar porque a alma já carrega muitas cicatrizes.
Mas apesar das cicatrizes, penso que a beleza está em todas as idades. Logo, passo meu batom vermelho, lápis nos olhos, um bom perfume, arrumo os meus cabelos, brinco com eles, coloco a roupa que gosto e que faz sentir-me bem, calço um salto ou mesmo uma rasteirinha, curto o meu bronze e, mesmo diante dos problemas, ainda consigo sorrir...e assim vou curtindo os meus 55 anos, tendo sempre em mente de que a vida é feita de momentos...momentos esses que ninguém pode viver por mim, a não ser eu mesma.