São negras as salas da solidão.... Luís Ochoa
São negras as salas da solidão.
Amarram a noite, mesmo que o dia bata à porta.
E ninguém chama pelo meu nome,
nem um aceno do lado de lá do medo.
Olho-me inexistente no mundo,
como um cadáver de alguém que por lá passou e terá partido.
E não deixou conhecidos,
nem ninguém que tivesse chorado a partida!
Um abandonado que só a solidão deu guarida.
Sempre fui um improvável na boca dos sonhos,
um eterno suposto do real.
Nunca o que quis de mim existiu,
morri sempre antes das últimas palavras,
padeci à beira das águas, junto à areia,
um quase em tudo o que partia de mim.
Nunca existi.
Nunca ninguém deu por mim,
e hoje sou filho oculto do mundo no berço da solidão.