Nº 1 O que é que eu posso dizer?... Edson Felix
Nº 1
O que é que eu posso dizer?
Reclamar de barriga cheia?
Sei que tive muitos motivos para chorar
E chorei
As lágrimas não
Mas a dor
Encheu o oceano
Reclamar da solidão
Não!
Uma vez que não faz falta
Quem não faz diferença
Ou como diz o ditado:
“Antes só do que mal acompanhado”
Agora eu não falo isso por ser um provérbio
Ou expressar uma sabedoria
É a minha realidade
Eu não tenho encontrado
Um amigo, amiga correspondente
Muitos querem ser chamados doutor
Eu Santo
Não digo que ela roubou a minha sanidade
Tem coisas que acontecem
Isso é normal
E tudo tem um preço
Eu tive que pagar
Pensei que fosse um dia normal
E seria
Se eu não a tivesse abraçado
Como se ela fosse a presa
E a beijado
Como se ela pudesse ser usada
(Risos)
Ela parecia uma princesa
Brincando com a modéstia
Por que eu dei tanto afeto, como nunca antes?
Não sabia que podia dar amor
Mesmo assim eu dei
Através de 1 abraço
Através de 1 único beijo
Dei muita ternura
Muito amor
Deus foi o primeiro a saber
Pois Ele é amor
Logo quiseram roubar a minha alma
Imagina eu
Tendo que lutar contra os espíritos
Os demônios
A minha loucura estava agora exposta
Meu sono se foi
E o medo das pessoas veio morar perto de mim
Cada vez mais louco eu ficava
E cada vez mais abandonado também
Ver o invisível é uma maldição pra eles(as)
Acordei amarrado
Em um hospício
E aquele lugar é que estava ajudando
A me enlouquecer ainda mais depressa
Eu ia me perder
Na loucura
E não achar o caminho para sair dela
Minha namorada e minha família apareceram
Foi o melhor remédio
Eu fugi e fui pra casa
Antes de elas voltarem
Era aceitar a terapia ou viver preso
Eu não devia estar aqui agora
Mas ninguém quer se comprometer
Ser um pai como eu seria
Tratar um filho
Como eu trataria o meu
É uma generosidade de poucos
E aqui eu me encontro só
Mas eu aprendi
A forjar do ódio o amor
É muito fácil pra mim
Como é fácil odiar um monte de coisas
E pessoas
Mas é difícil se acostumar
Não é que deva ser difícil
Não deve ser
Mas a escravidão também impregna
A escravidão não quer aceitar a liberdade
Quando eu acordo e não tem ninguém
Mas não quero ser um peso para alguém
E nem forçar
A aceitarem o que não querem
Eu falo com muita propriedade
E aqui na propriedade
Que não é minha
Alugada
Eu tenho tudo o que eu quis
Ou o que preciso
“Tudo” o que preciso
(Risos)
Quase tudo, eu tenho
Meu pai é um ignorante
Literalmente
Esquece de mim
Como se não me tivesse colocado no mundo
E ele faz assim
Ser tão fácil
Me abandonar
Diz que eu sou o culpado
Minha mãe apesar de não estar certa
Me liga todo o dia
Mas disse que arranjou um atestado para usar contra mim
Se for preciso
Todos têm suas desculpas
E eles são falsos para com o poder de Deus
Falando como pessoa de fé
Eu assumi a minha vida
A minha saúde
Minha independência
Sendo especial duas vezes
E curatelado
Eu ter ido pra longe deles
Eu sei
Que foi um alívio
Mas como eu vejo, Deus também pode ver
Mas foi bom sair do Egito
Ou da Babilônia
Ser livre é para quem sabe
E pra quem tem sabedoria
Agora aqui no meu escritório
Escrevendo
Na minha escrivaninha grande
Ouvindo Fast Car
Cheguei na 6ª página do odt
A minha cozinha, o meu quarto
O meu banheiro
E a minha vista da sacada
Tem a área de serviços
Tudo em ordem
Nada mal
E vim pro lugar
Há 3 horas do Rio, capital
Cujo clima é o 5º melhor do Brasil
Já não estou mais no deserto
Tomei posse da cidade
Jogando o meu chinelo dentro dos muros da prefeitura
Eu é que mando aqui
Fiz uma profecia contra a cidade
Deus disse no meu coração
A cidade tem que pagar pelas suas injustiças
E sangue derramado
Joga uma pedra no rio
Como se jogasse a cidade sob a água
Fui até lá, no rio
E joguei a pedra no fundo do rio
É difícil ser profeta hoje em dia
É muito difícil
Mas eu sou
Tomo os meus calmantes para não matar ninguém
Soníferos pra dormir
Controlar a ansiedade
A agitação
Delírios místicos e de grandeza
Virei um maluco beleza
Não faço o mal pra ninguém
E acho que nunca fiz
Depois da minha morte
Tudo fica novo
Já vou poder ser tão louco sem errar
E não vou poder morrer de novo
Eu sei que eu vou rir a toa
(Risos)
Aposentado
Eu durmo de noite e de tarde
Já está na hora do meu banho
Ano que vem
Apesar de tudo
Eu vou buscar
Um pouco de alegria
Entrar num processo de habilitação
Para motorista de moto
Logo depois
Pretendo
Tirar uma moto da concessionária, zero
Como disse os Paralamas
“Mas que união feliz”
Vou tomar banho
Ler minhas bíblias
Assistir um pouco de cultura
Não faz mal a ninguém
Esse é o maior poema que eu escrevi até aqui
(Risos)
É uma história
Em versos
Coisas de poeta
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Autor: Edson Felix
Data: 13/02/2021