"Paro e observo a janela com... Anaíza Durval
"Paro e observo a janela com grades enferrujadas, ela desencadeia um daqueles filmes mentais. Era formado de imagens congeladas e por puro instinto desviei o olhar... Se alguém me encarasse naquele momento, veria minha alma se contorcendo. Dessa vez não estava apenas quebrada, tinha sido reduzida a partículas e temo ser levada pelo vento...
A esperança se apunhalou na minha frente no meio da rua, cada poste foi se apagando um por um, me deixando na completa escuridão de uma floresta.
Eu corri, mas fui derrubada por carvalhos de questionamentos, perfurada por galhos de dúvidas. Lágrimas silenciosas escorriam por mim, me afogando. Fiquei perdida em meio a lembranças insuportáveis, sabendo que aquela agonia era o divertimento de alguém.
Então vi um caminho seguro, era o colete salva-vidas naquele mar de sofrimento. Não ouvia mais o eco rouco e cansado da minha voz, era um tom suave trazendo respostas. Era esperança e alívio para meu corpo abatido. Melhor do que ser presenteada com a morte, era receber a vida que Ele me oferecia."