EU ou ELES Eu penso, logo existo. Eu... Fabiano de Lima Narciso
EU ou ELES
Eu penso, logo existo.
Eu sonho, logo planejo, estabeleço metas e objetivos, mas sou só eu, vivendo em mundo meu.
Mas não se vive só por muito tempo, e no começo de tudo, o tempo passa tão devagar como se fosse uma tartaruga despreocupada com sua chegada, que um dia parece uma eternidade.
Mas com o decorrer do tempo, eu me dissipo e lentamente, não sou mais eu, somos nós. O conjunto formado por nós exige adaptação, e como nós, o eu tem que ceder, replanejar, restabelecer as metas e os objetivos.
Mesmo sendo nós, ainda há eu em nós, sinto que estou aqui, faço parte de nós, sinto que ainda me sinto em nós.
Com o passar do tempo, que, neste momento, não anda lentamente como outrora, mas corre como se fosse um maratonista em busca de quebrar seus limites, eu me dissipo mais e mais, e o conjunto se transforma em um aglomerado, e esse em numa multidão.
Na multidão formada, eu me espalho, me misturo, me dissipo mais e mais, viro um grão de mostarda, uma poeira, uma gota de água no oceano.
Não importa mais saber se o tempo anda vagarosamente ou se corre velozmente, porque o tempo me fez entender que ele foi sempre o mesmo tempo, nunca andou ou correu, só cronometrou tudo o que aconteceu, e como um espectador assistiu tudo, mas sem se intrometer.
Nessa hora lembro-me do distante eu, que um dia sonhou, planejou, estabeleceu metas e objetivos e na multidão que se transformou, não me encontro mais, não me sinto mais, penso se ainda existo.
Agora, não sou mais eu quem penso, nem somos nós quem pensamos, eu sou eles e eles nem sei se pensam, mas se pensam, nem sabem que eu existo neles.
Fabiano Narciso