Do Alto Alegre Lapidei demais meu... Otocco
Do Alto Alegre
Lapidei demais meu coração
Obriguei-o a bater desacelerado
O privei de conhecer o mundo
E nos dias de hoje, ele já não palpita
Sem desfibrilador fica essa dor.
Eu me reinvento, me manipulo
Nego minhas raízes, nego meu desejo
Sou um personagem secundário
Na minha própria história
Vivo minhas mentiras insanas
Pra colher risos plásticos.
Do Auto Alegre repousa o desejo
No corte perfeito da faca
Chora sangue um corpo já sem lágrimas
Dos abraços opacos sinto a vergonha
De meus árduos pecados reprimidos
Do beijo enojado, vômito por auto-ânsia.
Mais um dia, mais uma ida e vinda
Mais uma semana que passou
E nenhum sorriso me convenceu
Não toquei o violão nem cantei
Corri trancei as pernas e me rasguei
Nem a dor deu o ar da graça
Por saber que a diferença acaba
Quando eu aceito meu ciclo vicioso.
Felicidade é um estado, não pode ser comprada
Não pode ser moldada muito menos forjada
Quero apenas sentir outro sabor que não seja amargo
Que não seja falso, que me deixe aguçado...