O céu que eu vejo é o mesmo que... Devaneios de Eliott Ross.
O céu que eu vejo é o mesmo que você vê, mas o vemos de formas tão diferentes. O meu é bem mais triste que o seu, ele é carregado de nuvens negras e fortes pancadas de chuva. Em dias estrelados, o meu presenciou minhas tristezas, não foram apenas uma ou duas, foram muitas, até perdi a conta de quantas e elas sempre foram causadas por você. O céu que eu vejo, presenciou noites de olhos abertos por causa da insônia e das noites de prantos e garganta rasgada em meio a tantos gritos abafados no travesseiro. Houveram noites frias, em que o peito apertou, o coração chorou e a alma definhou. E muitas delas foram embaladas por silêncios gritante e cortantes. E o céu que me vê não aguentou tanto sofrimento e se debulhou em lágrimas. Meu caro, até o céu chorou por mim, várias e várias vezes. Todas aquelas gotas de água que escorrera, eram lágrimas em forma de chuva. Na janela do meu quarto, eu passava por tudo isso, calado, apenas na companhia da solidão. Fora do quarto, nunca tive tempo de chorar, pois estava usando um esboço mal feito de um sorriso, para agradar a todos, para fugir de perguntas, de julgamentos e de pessoas sem amor ao próximo. Assim como meu coração, o meu céu também se rasgou, e fez cicatrizes. E essas mesmas, no seu céu, você chama de relâmpagos e trovões, porque eles aparecem aí também. Mas você só admira a beleza e não sabe porque aquilo realmente acontece. Eu embelezo o seu céu com o meu sofrimento, com a minha dor e você nunca vai saber. O meu céu é bonito de longe, porque a distância a gente nunca consegue ver as rupturas, cicatrizes e cortes que as coisas tem, de longe tudo é mais bonito. Mas só quero que saiba de uma coisa, meu amigo: até o céu chorou comigo. É tanta tristeza acumulada, que nem o céu segurou suas lágrimas.