Hoje quando saí do banho, me... Gustavo De Paula
Hoje quando saí do banho, me permiti ficar alguns minutos parado antes de pegar a toalha para me secar, apenas sentindo o vento frio bater no meu corpo, nada saudável mas de alguma forma reconfortante, meu corpo esfriando até chegar na temperatura do meu coração, ele por sua vez agora não queimava mais minha carne, o exterior expressando o interior, se tornando um só... Acho que foi aí que eu finalmente entendi a tua paixão pelo inverno.
O nosso contato teve a intensidade esperada vindo de elementos tão opostos, envolvida por uma inesperada calmaria.
Saíam faíscas e nevascas do nossos encontros de olhares,
Nosso abraço era o encaixe perfeito, eu te esquentava e não sei se foi logo no primeiro ou se aconteceu gradativamente mas, eu te derreti. Você, me refrescava, como um banho de água gelada no deserto, você me dava férias daquele inferno constante.
Eu era fogo, você, gelo.
Eu era gargalhada, você, meio sorriso.
Eu cantava alto, enquanto você sussurrava no meu ouvido.
Eu brilhava e quanto mais brilhava mais queimava, quanto mais queimava mais brilhava e cego pela minha própria chama de vaidade, eu te queimei... muitas e muitas vezes. Você se encolheu, eu me aproximei segundos antes de me afastar correndo, levando meu fogo pra longe de você, ciente que minha aproximação te tornaria cinzas.
Quando você me procurou, sufocada na própria tempestade, não encontrou o calor necessário, o tempo já havia transformado metade de mim em gelo, hoje também confesso que o encontro de nossas partes frias acabava apagando as faíscas que haviam me sobrado.
Hoje, você permanece em uma busca constante de alguém que te aqueça, como um iceberg em torno de ti crescendo sem parar. Eu, sem precisar queimar mais ninguém, as vezes neve, as vezes fogo, permaneço brilhando.