Um vaso no canto da sala. A esperar... José Henrique Boia dos...
Um vaso no canto da sala.
A esperar atenção em um canto quarquer,
Em uma sala repleta de beleza e valores matériais,
Em uma cozinha moderna onde tudo está ao alcance das mãos,
No quarto envolvido no que nele há, deixando-o agradável para um imenso nada.
Em uma varanda com belas cadeiras e uma bela vista para sonhos.
Esperando ser tocado ou acidentalmente percebido como o cair de um taça de cristal ou um talher de prata inglesa.
O de sempre, fazendo sempre sem esperar que ali esteja os olhos dos que a vêem.
Há um sol para acolher desejos aquecidos por uma noite na companhia de sua coberta carinhosa.
Dentro da bela do lar, a mulher e seus mais explícitos desejos.
Esquecida ao canto da lágrima de seus belos olhos.
Como um vaso no canto da sala.
Prendendo-se ao que pode tudo ter, sem ganhar o que deseja ter.
Que desabrochar como rosa em qualquer jardim.
É como as rosas que não falam ou talvez evitam que seus espinhos revelem sua ira.
Mas sujeitas a sensibilidade de apenas um toque,
Aquele que com simples e carinhoso olhar faz a vida ter sentido.
Mesmo sem sair de seu canto da sala,
Sem que alguém tropece no vaso do canto da sala,
Sem talheres ou cristais caiam,
Ela pode ser tocada e viver a eternidade de um sonho.
Se olhar for eterno,
Se o toque for verdadeiro,
Se o amor for por inteiro.
José Henrique