Acordei, me limpei como todos os... Roberto Auad
Acordei, me limpei como todos os dias, este atos eram de um cotidiano amante e massacrante mas o fiz, como fazia todos os dias. Coloquei as escovas no lugar, joguei as toalhas no lixo e naquele momento pensei na idiotice que é ao voltarmos da Rua termos de tomar banho e o por que e a razão do porquê não lançarmos os chinelos e a toalha. É algo que se encontra fora de interpretação de minha vã filosofia.
Me arrumo como todos os dias, visto a cueca, é qualquer uma , mas sempre a primeira avistada, a escolha do terno, é por ordem, mas vai que talvez um dele me sorria e eu o antecipo ou o deixo lá descansando e evitando ,a lavanderia e a lavagem a seco. A camisa, preferencialmente azul ou rosa, o que deixa as brancas com um certo ar de desdém, porém no íntimo de todas as vestes da casa é eu mesmo, é apenas ciúme de adolescente. Escolha a gravata, todas são em tons de azul com detalhes diferentes ,mas para evitar uma rixa ou qualquer desavença, reveso-as. As meias, são como o gado, aceitam seus destino de servirem de anterior e acumulados de suores, bactérias e não se sabe mais o quê.
Os sapatos sempre solicitos , esperam felizes a oportunidade de sairem e tomarem um lustro na proximidade do fórum, é muito simples, mas há de ter sempre cuidado com a vaidade do todo existente no universo.
Prossigo para a cozinha, faço meu café, como umas frutas, rodelas de abacaxi , uma maçã e um pedaço de melancia.
Coo o café, passo a manteiga no pão e fixo-me na faça e no preenchimento da fatia de pão.
Há algo de estranho, o pão transborda de manteiga, minhas mãos e a faca estão untadas, fétidas com o cheiro nauseabundo, amoroso, repugnante misturando-se no ar. Miro mais uma vez as fatias de pão, a repugnante manteiga e a faca bezuntada, como se tivesse vida , move-se entre minha carotida, a femural e meus olhos. Naquele momento percebi o quanto Epícuro, estava tão certo sobre a natureza da vida e da morte enquanto você esta vivo a vida não tem qualquer importância, quando você está morto, ela tem menos importância. Aquele talvez tenha sido meu último pensamento, enquanto me divertia com a dança desconexa da faca, o afogamento das fatias do pão e ela a estúpida manteiga derretendo , morrendo e eu não consigo pensar em mais nada, consegui me manter sem pensar em nem um,qualquer pensamento, fugaz pensamento e inútil que seja. Era estranho, mas com uma leveza e liberdade, sem qualquer sentido, mas ainda liberdade.
Roberto Auad