A minha vontade de escrever não se... José Estêvão
A minha vontade de escrever não se esgota, umas vezes é forte e outras vezes mais fraca, mas o caminho é sempre em frente, é a forja do meu pensamento que me faz escrever o que vai na alma em qualquer momento. O pensamento diz-me que estou vivo que posso caminhar para o futuro que vai passando por mim e eu o vou usando consoante os meus sonhos e estes não são mais do que os meus próprios desejos que quero para mim, mas não quero os maus desejos, sim os bons, tal como não perder o amor que sinto por mim e pelos outros. Os maus desejos não os quero pensar, mas sim afastá-los de mim, do meu ser, da minha alma, da minha mente que é o meu farol e o meu guia para toda a vida.
Não sou diferente de toda a gente, tenho maus e bons desejos, mas quanto a estes eu penso muito bem primeiro antes de agir e geralmente nunca os aplico, porque fazem sofrer e eu não quero, quer antes os bons desejos, como fazer bem sem olhar a quem, dizer não à vingança, ao crime, à guerra, à violência e se algumas vez sentir vontade de aplicar os maus desejos, aplico-os em mim e não nos outros, para sentir o mal que faz e deitá-los borda fora.
Pessimista não quero ser, só deixa ver o aspeto mau da vida, desbaratam o tempo como se fosse coisa de pouco valor.
Quem vê sempre o lado mau da vida, não pode ser boa pessoa, porque na vida existe um e outro, mas os dois estão no nosso pensamento.
Há momentos na vida, ocasiões em que desejo deter ou retardar a marcha do tempo, mas é apenas ilusão, porque o tempo ninguém o pode agarrar, vai sempre na sua marcha e todos nós seguimos atrás dele, por isso eu desejo gravar no meu coração que o dia de hoje é o melhor dia do ano. As horas são as peças do seu delicadíssimo mecanismo que se pode ressentir do roubo das horas que o ócio lhe fizer.
Por vezes me lamento que são tão rápidos os dias meses e anos e, no entanto, desperdiço momentos preciosos que tão bem poderia aproveitar, principalmente na minha idade de hoje já velha, mas que devo pensar que na minha idade também tenho dias bons e alegres que não os devo desperdiçar, aproveitando sempre o tempo e deixar-me de lamentos que só prejudicam o meu coração.
Às vezes olho para o meu relógio e penso no tempo que leva o ponteiro dos minutos a dar uma volta completa ao seu mostrador, para verificar que sessenta segundos que compõem um minuto decorrido, dão tempo de sobra para eu poder fazer tantas coisas, cuja execução parece impossível, pelo conceito vulgar e falso que formo do minuto antes da observação.
Não é possível comprar nem vender nem subordinar o tempo, pois o mendigo mais infeliz, dispõe das vinte e quatro horas do dia da mesma forma que um ricaço. A diferença está que cada um fizer dele.
Às vezes olho para uma fotografia que tirei aos treze anos e comparo com outra que tirei agora e no meu pensar penso que na primeiro o tempo parou, mas sou na imagem, porque tenho a outra de agora em que sou tão diferente do que era e assim vejo que o tempo não parou na realidade, porque viver é andar atrás do tempo até ele nos barrar o caminho, mas no entanto ele continua sempre sem dó nem piedade.