Ele arrastava uma asa Estava... Arcise Câmara
Ele arrastava uma asa
Estava apaixonada por outro, ele sempre queria ser mais informativo, parecer mais inteligente, feliz, bem informado. Vida atrai vida, ele dizia. Ele conversava e mostrava interesse pelo mundo. Eu tinha medo de que a vida me pregasse uma peça, não sei por que eu não confiava nele. Ele era uma grande ilha de incertezas, muitos misterioso, sumia do nada, era o preconceituoso que se afirmava sem preconceitos. Eu sempre fingia que não percebia, cansei de brigar por tudo as pessoas não mudam.
Eu precisava ser salva dos meus medos, temores, rancores. Nele faltava compreensão, interesse, generosidade, para mim faltava tudo de encantador num ser humano.
Sou de sofrimentos eternizados, sou de preferir não me relacionar com medo de ter escolhido alguém que me mataria, sou de adiar sonhos e vontades, sou mágica para me colocar para baixo.
De vez em nunca dizia para mim mesma que medo não resolve e deve ser enfrentado. Eu queria ser forte, mas tive uma infância muito exigida, fui mãe dos meus irmãos menores, fui privada da minha infância.
Por várias vezes eu queria trocar experiências com a minha professora, mas tinha vergonha e culpa sobre o assunto. Sempre me senti lutando por sobrevivência, tanto é que cresci obcecada por dinheiro, precisava ter para me sentir liberta.
Eu era honesta e desinteressada, sabia que a minha dor era passageira, eram conflitos internos que precisavam ser sanados com terapia. Dúvidas transitavam o tempo todo sobre o meu valor, como é difícil perceber e aceitar a verdade da vida, eu era arrebentada emocionalmente devido as desigualdades sociais e isso refletia até nos relacionamentos, eu não podia correr o risco de passar por tudo isso de novo, quer tento minha autoestima pisoteada, quer sendo empregada de marido.
Eu achava que minha cota de sacrifícios se esgotara, a vida não espera por ninguém, eu tinha que seguir e aceitar o poder transformador das minhas escolhas e suas consequências, eu me achava interessante em parte por conta das viagens que consegui fazer e curtir, eu vivi e me transformei numa pessoa eu não confia totalmente no amor.