⁠Rita Rita ficou brava e, numa... Rosana Fleury

⁠Rita
Rita ficou brava e, numa correria que a raiva desperta subiu onde o pensamento não aliança e ficou lá como alma penada, a chorar acima na comunheira da casa.
Chorou os minutos.
Chorou as horas.
Chorou por dias.
Os meses.
Longos anos.
Chorou tanto e por resumidos até que alguém percebeu que o choro amoleceu o pau da comunheira.
As paredes derretiam, aí notaram que lá estava Rita a chorar e ia fazer a casa desabar.
Como fazer, era rezar para Nossa Senhora do Pilar para calar seu choro.
Mais oravam, mais choro caía.
E a casa dissolvia lentamente sem solução. Rita na comunheira da casa a lacrimejar.
E o pior, agora rangia, trepidava raiva e vergava os paus da construção.
E a casa deteriorou, desmanchou.
E todo mundo abandonou o que era uma construção. Ficou a casa ali vergada, desabitada
Por anos.
Até que alguém teve a graça de falar da desgraça com Rita.
Amassar a argila onde suas lágrimas se derramaram. Deus fez o homem do barro sem as lágrimas de Rita. Era tempo de magia, reconstruir.
Rita, desistir de ser lamento e assombração de um passado que se despedaçou sem lembranças, banhado de tanto chorar.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury