O APRENDIZ DO BEM Ele tinha o costume... Eni Gonçalves
O APRENDIZ DO BEM
Ele tinha o costume de carregar consigo, balas, biscoitos, doces. Sua mala, cheia de potes de chás e ervas, unguentos e bálsamos, óleo perfumado, era para os que encontrasse pela estrada, amigos ou supostos inimigos.
Sempre um sorriso e uma gentileza.
Não perguntava a causa da dor, apenas oferecia a ternura, o silêncio, juntamente com algo material. Ora um alimento, ora um chá, essência de flores perfumadas, algo bom surgia sempre daquelas abençoadas mãos.
Assim caminhava o Peregrino BEM, levantando tendas no deserto, rico de provisões que oferecia de si mesmo, aos desvalidos.
Um dia me deparei com o velho caminhante, certa de que também eu me fizera credora de sua bondade gratuita. Indaguei de mim mesma, que unguentos teria para minha dor, que óleos perfumados dispunha o velho amigo, para o meu cansado coração.
O BEM me acolheu depressa, e, sem me dar tempo de arrolar toda a fieira de mágoas, apontou-me a estrada e ofereceu-me a sacola de prendas.
Tomei então da sacola e ainda que vacilante, o segui...
Era tão vasta a extensão do caminho por onde deveria caminhar e tantos eram os caminhantes para consolar...
Esquecida de mim mesma, imitando o velho sábio, eu me pus a encher minha vasilha, a encontrar perfumes, remédios, unguentos... o sorriso e a gentileza.
Aprendiz do BEM segue assim pela estrada, me ensinou o Mestre Peregrino.
Esquecido da própria desgraça consegue encontrar a graça,
se depressa caminhar, sem cansaço e sem tardança, com a sacola da bondade, indo o amor espalhar...
Eni Gonçalves