Ultimamente, os romances estão muito... Luiza Fletcher

Ultimamente, os romances estão muito convenientes. Com apenas alguns movimentos para a esquerda ou direita encontramos uma pessoa que julgamos ser “boa o suficiente” para merecer um pouco de nossa atenção e marcamos encontros, mesmo sem o mínimo de desejo verdadeiro.

Nosso critério para julgar uma pessoa é o quão bem ela aparenta ser dentro da tela de nossos celulares, e não o que realmente pode agregar em nossas vidas.
Não valorizamos mais a conexão, apenas aceitamos a realidade de que “as pessoas só nos querem por nossos corpos”, então é isso que devemos valorizar para conseguirmos ter alguém ao nosso lado. Dessa maneira, tornamo-nos cada vez mais vazios e solitários.

Sinto que nós desaprendemos a amar, esquecemos o verdadeiro significado do amor. Valorizamos mais uma resposta rápida nas redes sociais do que o tempo juntos, o carinho, o esforço para estar presente ao nosso lado.

Situações especiais como as borboletas no estômago e ansiedade pelo primeiro beijo parecem estar aos poucos indo embora, porque tudo está se tornando efêmero, com a mesma intensidade com que somos desejados, somos substituídos. Não temos tempo para realmente conhecer as pessoas que estão ao nosso lado, é tudo muito rápido, muito superficial.

O amor tornou-se uma dificuldade, um caminho cheio de obstáculos. Devemos viver alertas vinte e quatro horas por dia, preparados para afastar qualquer pessoa que não tenha os mesmos objetivos do nosso caminho, e no meio de toda essa confusão e vai e vem, devemos encontrar a “pessoa certa”, a pessoa que será o encaixe perfeito, que nos trará apenas alegrias e sucessos.

No entanto, no mundo real, as coisas não são assim. Não existe uma pessoa perfeita que resolverá todos os nossos problemas, dar-nos todo o amor que nos foi negado, sarar nossas feridas e criar um relacionamento perfeito, sem diferenças, decepções, lutas e problemas. Abandone essas expectativas.

As pessoas têm muitos defeitos e estão constantemente errando. Até mesmo aqueles que consideramos “perfeitos” têm falhas e valores que não correspondem aos nossos em algum momento. Nossos relacionamentos serão desafiadores e difíceis em muitos momentos, e tudo bem, a vida é assim, se criarmos ideais perfeitos de relacionamentos, estaremos buscando algo que nunca encontraremos, porque não existe.

Não existe alguém perfeito esperando por nós, devemos deixar de lado expectativas irrealistas e aceitar que as pessoas são como são, imperfeitas e falhas.
Aceitando essa realidade, podemos buscar relacionamentos reais, face a face, e abandonar essa história de celular e virtualidade. O amor não é encontrado na informalidade, na efemeridade, na perfeição.

De fato, amor e perfeição não existem no mesmo contexto. O amor é real, a perfeição não passa de uma ilusão. Amor é encontrar alguém que nos irrita, mas que nos faz felizes. É desenvolver o desejo de ser melhor por alguém e se esforçar para trazer alegria em sua vida, é celebrar uma conexão imperfeita, mas única.

O amor não precisa ser perfeito, mas tem que ser verdadeiro.