Com essa campanha de sarampo agora, todo... Fábio Murilo
Com essa campanha de sarampo agora, todo mundo se vacinando, lembrei da vez que eu tive, contava com os meus 8, 9 anos. Só sei que o sarampo recolheu, acredito que significa que se alastrou pelos orgaos internos devido a um filme de Tarzan que eu assisti a tarde... Quer que tem a ver Tarzan con sarampo? Pera, vou explicar... Tava quase bom, dias num quarto escuro me recuperando, milho jogado embaixo da cama e tudo, como manda a crendice, aí de repente fui pro sereno, vento entrando e eu na sala, no sofá recebendo o impacto, assistindo tazan o rei da selva, naquela tarde de domingo e mamãe reclamando e meu pai dizendo: deixa o menino assistir Tarzan, já tá Bom! Tava bom, que nada, pura precipitação. So sei que depois bateu uma fraqueza em mim, as pessoas parecendo um sonho distante na minha visão embassada, minha cabeça aquela leseira. Fui internado no hospital evangélico, conhecido como matadouro. Meu pai e minha tia, ficavam se reversando, minha tia de dia, meu pai a noite, se sentindo culpado, o pobre, talvez, foi ele que deixou eu assistir Tarzan. No hospital parecia que estava num hotel 5 estrelas, o hospital nao era particular, de plano bom, mas o que eu pedia era atendido. Uvas traziam as visitas, oh! Das boas, verdes, docinhas. Revista da coleção os bichos, brinquedos, coisa boa! Comi uma papa de um tal de Neston, gostei! Quero mais disse, tá certo seu pequeno Príncipe, seras atendido, Neston todo dia (Depois descobri que era meu pai que trazia e pedia pras cozinheiras do hospital fazerem). A noite tia Leta me conduzia, segurando pelo braço, pra olha da rampa do hospital a Fecin, um parque de diversões instalado no Parque da Jaqueira, onde do outro lado do rio, pontilhado das luzes refletifas, um brinquedos se destacava, o enorme e colorido tobogã. Sem noção da delicadeza da situação em que me encontrava, dos litros diários de soro no braço e os molambos da perna sem vida, perigo de ficar pra sempre sequelado, tem caso que fica cego. Quando não mata anleija, como se diz. Mas, aos poucos, graças a Deus fui me recuperando e após um mês, depois de terem tirado água da espinha, uma seringa de um líquido branco da coluna, recebi alta e atravessei triunfal de barco o trecho de rio que separa o hospiral da Avenida Rui Barbosa, ainda hoje é assim. Cheguei em casa de noite, nao podia ter chegado em ocasiao mais bonita era natal, a árvore toda enfeitada com lâmpadas pisca-piscas coloridas, cheia de algodão. Agora sim, totalmente recuperado. (15.02.2020)