Até que a Eternidade nos Imortalize... Michel F.M.

Até que a Eternidade nos Imortalize

Geralmente quem escreve,
O faz de coração, com toda empatia,
Inspiração, anseios, desejos,
Batimentos e circulação.

Nobre sistema cardiovascular,
Veias, amores, artérias, paixões,
Sístole e diástole atrioventricular.

Inervações e toda vascularização,
Que este órgão frenético pode comportar.

Já Eu, bem, escrevo com meu fígado,
Estômago, pâncreas e todo líquido biliar,
Ácido gástrico e pancreático,
Que seja humanamente possível secretar.

Sendo que Ler é repousar em agitação,
No açucarado ardume picante.
Tão pedante e repetitivo afirmo:
Que tudo possui algo de altivo e findante.

Enquanto escrever, nada mais é que saltitar,
Por entre os fragmentos cortantes
De nosso ser estilhaçado,
Rumo à friagem acolhedora.

Novamente em alto e bom plágio, repito,
Nossa firmeza consiste em deslizes.
Abastecido de excessivo sentido assim sendo será,
Até que a eternidade nos imortalize.