ESCREVER É PINTAR E BORDAR Escrever é... Nonato Peixoto Nogueira
ESCREVER É PINTAR E BORDAR
Escrever é algo
Realmente fantástico.
Requer um pouco de tudo,
Das inquietações que é típico
De quem escreve,
À prática da paciência;
Escrever é antes de tudo,
Estar em sintonia,
Não com uma onda ou faixa restrita,
Mas sim com o universo;
Escrever é um desassossego sossegado,
É ora, um marasmo
De pensamentos e utopias,
Ora, uma avalanche
De sofreguidão inconteste
E até inconsciente.
Escrever é, num mesmo andamento,
Encontrar-se dentro do tempo
E fora do tempo.
É esquecer-se de tudo
Para lembra-se de quase nada.
É ver a vida passar e deixá-la ir,
Mas não tão depressa,
Para que não a perca de vista.
É viver dia após dia,
Em frente à máquina
Ou sobre a mesa, a olhar para o ócio,
Sim porque escrever requer
Muito de ociosidade criativa.
Escrever é compartilhar,
Compactuar é celebrar.
Escrever é dividir o precioso,
Afinal, ninguém escreve pra si mesmo.
Quem escreve corre sério risco,
É uma ocupação perigosa.
Há os que gostam e falam bem,
Já os que não gostam,
Veem defeitos em tudo.
Pode se escrever sobre tudo,
Mas é bom estar preparado.
Escrever é sublime e majestoso,
É belo, é ao mesmo tempo frugal.
O que escreve não se abstém,
Nem fica a distância, mas aproxima-se.
Às vezes cria seu próprio enredo,
Outrora dança a valsa dos outros.
Num momento seduz e encanta
Através das palavras,
Noutro, afasta, machuca.
Aquele que escreve dita o som
Escolhe a música, é o mago,
É mágico, esplêndido.
Entende de alquimia,
É compositor e feiticeiro,
É um duende.
Quem escreve
Pode ser mocinho ou vilão
Pode ser protagonista ou antagônico
Pode estar na retaguarda
Ou na vanguarda, não importa,
Pois quem escreve, antes de tudo
É o senhor das palavras.
Ele constrói, destrói,
Cria, recria, faz e refaz
Pinta e borda.
Tem o poder de acender
E apagar a luz da escrita.