Depois do fim foi tão difícil te... Andréia Barros
Depois do fim foi tão difícil te encontrar, não sabia o que dizer, como me expor e o que sentir. Nessas horas esquecemos quem somos e como agir.
E olha só você, desolado.
Olhando em teus olhos só vejo tristeza e uma lacuna na alma.
E nessa troca simultânea de olhares, sinto a dor não falada.
Posso estar enganada, porque não?
Como já dizia Machado de Assis em uma passagem no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas: "posso estar enganado, a verdade que o engano é um dos eventos mas frequentes da minha vida." Descrever esse momento enternecedor é no mínimo angustiante , ver alguém que nos amou e com tanta intensidade amamos também agora não passar de um desconhecido.
Enquanto te olhava busquei respostas sobre a saudade, onde esta você?
Tive saudades de nós!
Quis dizer do que sinto, mas não te conheço mas.
Ainda bem que o tempo passa e nada espera.
E ainda bem que existe outros dias, outros sonhos e outros amores.
Nesse momento meu corpo estar parado, levando-me pra o nada, esse abismo da vida.
E o que me causa desassossego é sobre o que vai pensar de mim enquanto me olhas, e quanta tristeza se define nessa troca de olhares.
Olhos que se maqueiam com essa sombra de uma história triste. Embora, ainda me sinta grata por tudo que vivemos e que essa ternura jamais me abadone.
E eu, talvez pálida, sem ação ou voz, porque nesse momento meu coração acelera e me faz desejar de uma maneira desmedida tudo que já tive um dia.
É que nunca cogitei a possibilidade do deslaço dos braços para uma despedida.
Tão longe era percebido essa triste possibilidade, essa morte do encanto. Tolamente recusei o fim, essa idéia dolorosa que você partiu para nunca mais, nunca mais, nunca mais.
E então vou acionar ou gesticular e seguirei para a vida.
Meu último carinho será eterno, a oração pra que seja feliz onde estiver.
E por mais que eu queira dar uns passos para trás e te amar só mais uma vez, eu vou acordar atrasada e correr para o mundo, porque depois do fim, o que ficou foi apenas lembranças, que se transformam em sonhos que para sempre se vão.