Em dias de silêncio, de aparente... Everton Arieiro
Em dias de silêncio, de aparente solidão, surgem companhias inusitadas, desvalorizadas em função de tantas ocupações, e de tantos afazeres. As palavras, usadas costumeiramente, em aparelhos eletrônicos, em papéis chamados de documentos, em notas chamadas de dinheiro. Porém, não observadas por falta de tempo. Por isso, ditas apenas de acordo com as necessidades e interesses, e bem pouco ousadas no que se diz respeito ao ser.
O ser que é alguém, o ser que sou eu, o ser que apenas é um ser. Que não se relaciona apenas com o trabalho; que não fala apenas sobre dinheiro; que não existe apenas para cobranças; o ser que é alguém, que espera mais do que a formalidade, mais do que a educação por obrigação; que espera a resposta que puxe outra pergunta; o ser que quer dialogar acerca de algo que não esteja na moda; o ser que sente saudade dos vivos, quando fala-se tanto dos mortos.
Há o ser que espera encontrar-se com as palavras bonitas, e carregadas de algum sentimento ofuscado em função do tempo, e da doença que tomou conta dos olhos, da alma e do coração. Há quem queira as palavras. Elas ainda funcionam, e podem ser ditas de forma a acalmar um coração, e a curar uma alma.