A ceia A mesa está pronta! Ódio,... Renata Batista

A ceia

A mesa está pronta!

Ódio, rancor e muito sangue.

O preparo para a comemoração foi lenta.

Passou se quase um ano.

Na mesa o reflexo de uma pessoa gélida e pálida, não há mais coração.

Ela olha a mesa posta, admira com frieza , o jantar está na mesa, não há convidados nessa noite tão sombria.

Suas receitas ninguém provaria.

Na taça o mais puro fel, cultivado nas montanhas das angústias, colhido nas noites sem céu.

A sua direita uma travessa, uma sopa de lamentos, uma entrada delicada que pede acompanhamento.

Pães feito com puro ódio, com a força do horror.

O prato principal, ela não esquecerá o sabor.

Servido em travessa elegante, grande pedaço de desamor, temperado com lágrimas e até com rancor.

Está frio, e sem sabor, mas ela provou.

De sobremesa um sorvete de coração pisoteado e triturado com calda solidão.

Na sua mente ela repassa todas as receitas que usou.

Percebe que de tudo nada mais tem sabor.

Ela olha para o lado e percebe que nada mais ficou.

E nessa grande ceia ela planejou, gostaria de receber um convidado.

No meio do tempero ela veneno usou.

Mas como não tinha convidados ela mesma o provou.

Um dia houve convidado, porém ele nunca mais voltou.

O veneno usado matou todo seu amor.

Nada mais de ceia, nada de amor

Nada de felicidade, ela nunca mais superou.

E num suspiro o jantar se findou.

Renata Batista
26/12/19