A última Luz Azul de Uma Alameda... Malbersu
A última Luz Azul de Uma Alameda Chamada Esperança. O poema.
Ja quase no final de uma alameda chamada Esperança, um grande poeta jazia morto ao lado de uma figueira que já não dava mais frutos. Um místico passou por ali e afirmou que aquele era um sinal dos tempos que estavam por vir, um crítico comentou a falta de intervalos na narrativa, um pesquisador descobriu a ignorância do poeta, um político recomendou a execração pública do poeta, um jornalista se prontificou a ridicularizar o poeta, alguém disse que nunca tinha lido poesia, muitos poetas ignoravam o poeta e nunca tinham passado naquela alameda, uma mulher afirmou ter sido amante do poeta, uma outra disse que o poeta sentia enorme paixão por ela, algumas outras desdenharam todas estas narrativas, os historiadores sentenciaram: este poeta nunca existiu. Uma bela mulher que olhou o corpo com perturbadora intensidade durante um longo tempo sussurrou pra si mesma: Eu já suspeitava que tudo isto não passava de puro charlatanismo de poeta menor. Todos os curiosos que estavam em torno corpo concordaram silenciosamente.
Um bêbado que oscilava bem próximo do corpo declarou: Hoje cedo, quando a luz do dia ainda não havia chegado, tinha um intensa luz neste lugar, então eu vim ver o que era. Era só um farolete que ele segurava apontado pro céu. Tinha uma intensa luz azul, e mesmo já no final da noite, parecia um refletor. Repetiu quase num murmúriu: Parecia um refletor. Depois fui andar por aí, voltei agora pra pegar o farolete. Constatei, pra minha decepção, que alguém já tinha levado o farolete... A mulher bela interrompeu o bêbado rispidamente. Durante dia ninguém precisa de um farolete. Todos concordaram silenciosamente.
Um anão, com os olhos furados, que estava entre os curiosos em torno do corpo, com uma voz muito grave disse em alto e bom tom.
La lumière invisible de la nuit
Todos, inclusive a bela mulher que mantinha o senho franzido e um olhar furioso, balançaram as cabeças afirmativamente.