Faz jus ao seu destino Viva a paciência... Arcise Câmara
Faz jus ao seu destino
Viva a paciência como uma arte, o céu desabrocha para mim quando acordo motivada a exercer esse hábito. Também exerço o hábito de ser eu mesma ou de não ser coisa nenhuma. Depende se o hábito está ativo ou não.
A realidade me acertou em cheio, não era fácil conviver com ele, mas eu me esforçava ao máximo com a minha paciência adquirida, posso ser uma alma dentro de um corpo, pensava eu.
Tudo felicidadezinhas momentâneas, não havia nada de bom naquelas lembranças, mas eu era positiva. Tive que me explicar por necessidade porque estava sentada num bar, tomando vinho com outro homem, 3 meses após o falecimento do meu esposo. Eu comemorava inconscientemente.
Uma vez que nos decidimos, podemos nos manter firmes na certeza de que escolhemos o melhor caminho, mas nunca me decidi, a vida foi tomando decisões por mim e eu fui aceitando.
Não gostei de ter sido colocada nessa situação, mas me permiti passar por tudo isso. Mudar de hábito exige esforço e eu não me esforçava, mudar a cabeça é mais difícil ainda.
Para a mulher, o amor não basta. Tem que ter paciência e companheirismo acoplados, tem que se sentir importante, tem que ter uma vida satisfatória. Eu me balancei várias vezes e tive que correr, me esconder e até me acalmar para não trair.
Não era amadurecida, não melhorei como pessoa e não curei minhas feridas, a vida continuou monótona, meu olhar não tinha nenhuma expressão, a grande vantagem é que eu tinha muita imaginação e conseguia burlar meu sofrimento.
Às vezes a minha cabeça pegava fogo, não consegui acreditar em como fui descaradamente submissa, eu não era classe detentora da força, não tinha o mecanismo social da sobrevivência.
Foquei em outra direção, o mal não está nas coisas que nos acontece, o mal está em não enxergar que podemos mudar o curso de tudo isso, a gente não precisa aceitar o frisson assim, não sem questionar. O destino me livrou, mas eu não me libertei.
Senti a abismável e inexplicável sensação de vazio, tinha saudade de uma vida atordoada e infeliz, a gente se acostuma até com desgraças. Depois refleti que tudo não passa de um lembrete para seguir em frente agradecida a Deus.