Formam-se os tédios Aguentei o... Arcise Câmara

Formam-se os tédios

Aguentei o sofrimento e as desgraças da vida com a mesma serenidade de um dia feliz e contente, o tamanho do meu desanimo não me afligia, com o tempo troquei remédio por alimentação.
A vida de sonhos não existe, a vida de medo também não. Eu estava física e mentalmente esgotada, cheia de mim, com sonhos supremos não realizados, tinha em mente que tanto o bem quanto o mal vinha da mesma fonte de Deus. Tinha que aceitar.
Todos fazem filosofia amável, todos estão resolvidos interiormente, todos reagem de forma positiva diante de circunstâncias injustas e arbitrárias, todos, menos eu. Eu sou um poço de chateações.
Estava sacrificando a autoestima, estava tentando encontrar o amor para suprir as frustrações, foi difícil entender que tudo no universo está em contínuo processo de caos e reorganização.
Jamais converso com pessoas em avião, tenho medo de expor a minha vida como sempre faço, meus aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais são compartilhados com qualquer um.
Não consigo olhar ninguém nos olhos por mais de dois segundos, parece que as pessoas gritam comigo quando me encaram, não tenho uma boa dose de maturidade e sabedoria, não sou uma pessoa legal.
Um sonho da criatura seria não canalizar energia pensando em coisas ruins, tinha que ser uma vida mais leve, ninguém deixa de ser negativa de um dia para o outro. Berrei e depois me arrependi de não ter sido fofa e isso acontece o tempo todo.
Anos de formação e não sou a pessoa incrível que eu gostaria de ser, comprei aquilo que necessitava, sei exatamente o que os outros pensam de mim, a única coisa que gostaria de realmente ter é a minha paz de espírito.
Já lidei com o problema de infidelidade, já lidei com submissão, já busquei a verdade dentro de mim, e finalmente a encontrei. A gente poderia ensinar a si próprio como viver de verdade.
A gente pode e deve despertar para a realidade mais profunda, a busca pelo que está perdido, a paz e completude interior.