Desabafo de uma adulta índigo Sinto-me... Mayara Vellardi
Desabafo de uma adulta índigo
Sinto-me totalmente incompreendida, solitária mesmo que rodeada fisicamente por pessoas de todos os tipos.
Desejo abraçar o mundo, mas não consigo me deixar abraçar.
Tenho uma vontade voraz de ser normal, escolher apenas um trabalho e seguir em frente pela subvida, satisfeita com o churrasco, o carnaval, a cerveja e a novela...
Satisfeita com o salário baixo, com o chefe chato, com o sapato apertado...
Satisfeita com a gastrite nervosa, com as reuniões prolongadas, com as horas desperdiçadas...
Satisfeita em sorrir da desgraça alheia, em não chorar ao ver um irmão sofrendo, em julgar tudo e todos o tempo todo com soberania...
Satisfeita em não pensar, não refletir, não raciocinar...
Satisfeita em não me incomodar com atitudes erradas, em não ajudar o próximo, em zombar de quem faz a coisa certa...
Satisfeita com a pobreza, com a miséria, com a exploração humana, desde que não seja com minha família...
Satisfeita com os maus-tratos aos animais, aos hominais, à natureza...
Satisfeita com o desperdício de recursos, enquanto tantos têm fome, sede e carência de abrigo...
Satisfeita com a intolerância, a inveja, o orgulho e a vaidade, como se todos esses sentimentos fossem elementos necessários para a boa convivência em uma sociedade nada doentia...
E com tanta falta de satisfação, compreendo que para ser normal neste mundo animal, é necessário enlouquecer, pois a realidade é de esmorecer.