CACTOS FERIDOS Arrancaram-se os cactos... Joana de Oviedo
CACTOS FERIDOS
Arrancaram-se os cactos
onde era o nosso ninho.
E cortaram-se os espinhos!
Perdi meu diamante nas brumas
de uma noite triste!
Desfolharam a flor estranha,
a mais bela do jardim!
Talvez o tempo! O tempo!
E, nossa casa tão sonhada,
ao som de tristes ventos,
em horas caladas se desmoronou...
Não seremos o que sonhamos:
“Pobrezinhos, de mãos dadas
a andar pelos caminhos...”
Bastavam-nos nossos cactos
onde fizemos um ninho!
Talvez o tempo... O tempo!
Roubaram nossa morada
e a arremessaram aos ventos!
Talvez o tempo... O tempo!