RELVA - CAPITULO 7 Acompanhe a luz... Alan Motta Lins

RELVA - CAPITULO 7

Acompanhe a luz amarela. Tente não piscar.
Percebi a tal luz "amarela" sobrevoar meu rosto da direita para a esquerda, cima e baixo. Amarela. Depois piscando como se fosse um disco voador em inspeção. O calor da lâmpada aqueceu meu rosto. O cheiro de álcool e resto de sopa de macarrão me dá náuseas.
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Após apagada a lanterna, tudo escuro novamente, mesmo estando de olhos abertos. A cirurgia não deu certo. Presumo. Talvez agora nem vultos eu veja mais. Cheiro de macarrão sem sal horrível.
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- Levi - tudo bem? - Sim - respondi. Como se estivesse falando com um espírito.
- Aqui é o Doutor Gabriel, chefe da equipe que fez a sua cirurgia. Preciso dizer que correu tudo muito bem. No entanto veremos seu progresso nos próximos dias. Por enquanto a sala ficará a mais luz, e nós iremos aos poucos aumentar a intensidade da luz. Para não agredir sua visão. Mas posso garantir. Você já tem cem por cento de visão. Descanse e se recupere.
- Obrigado doutor - respondi com a alegria de um detento com a porta aberta à sua frente após cumprir sua pena.
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Comecei a reparar alguns detalhes nítidos da sala, mesmo no escuro. Frestas de luz, sombras, até enxergar nitidamente um relógio digital, uma confusão de traços que não fazem muito sentido afinal, fui alfabetizado em braile
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Levi? Estou aqui. Me assustei. Seria mais um espírito? Não. Era a voz mais doce que um favo de mel escorrido sobre torradas quentes.
Sou eu Levi. Sara. Senti seus dedos quentes me tocarem a mão fria. - Lhe disse que estaria contigo. Todos os dias. Aqui estou. Relaxe e descanse. Temos muitas coisas pra papear. .
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Uma lágrima emergiu do meu rosto, enquanto sons de pássaros harmonizavam fora do quarto. .
Bem te vi
Bem te vi
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Pareciam me dizer:
Vem Levi
Vem Levi
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Por dentro respondi:
Estou indo.. estou indo. .
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CONTINUA