Cardiopático, sei que sou! Sou um mero... J D Silva

Cardiopático, sei que sou!


Sou um mero clichê ambulante

Um enfeite na estante alheia

O filho perdido da linda sereia que a charme pouco sabia usar

Sou o diferente que não se sentia gente

Sou o vivente inanimado

O filho da empregada que desacreditava que poderia ir mais longe

O filho pródigo que nunca abandonou aos seus

O paladino que nunca viu o amor e a gentileza como fraqueza

O que sentia dor ao ter o coração partido daquilo que se quer viveu

O ouvinte daquela eterna canção que o idioma não entendeu

O mensageiro daquele querer que não era seu

O ouvinte de historia enfadonhas de um sonho que se perdeu

O contador de contos que um dia nem se quer foi seu

O que pensava e agia diferente dos demais

O desbravador fulgás de um amor certeiro que nunca fora correspondido

O lendário sonhador que nunca quis de fato crescer

A eterna criança que sua determinação e audácia jamais quis perder

Não sou o ontem, nem o amanhã, e sim o agora

E se tudo fosse diferente, eu não seria mais eu

E agora velho, jovem menino em que labirinto se meteu?

J. D Silva