Preço da escravidão As margens de uma... Gabriel Ferreira de França

Preço da escravidão

As margens de uma bela praia onde hoje sou feliz
avisto longe coisas que nunca vi
se aproxima movendo-se como o vento
é enorme bela e linda.

Dela desce homens que com eles carregam a dor
destroem e queima as florestas
nos arrancam de nossas famílias
põem sobre minhas mãos correntes
sobre minhas costas descem o sangue amargo da escravidão.

Quem são eles?
Homens que arrancam de ti tudo sem mais nem menos
lançado a sorte estou minha barriga geme de dor
meus filhos choram e imploram, mas o homem que me prende poaense a mão a levantar
a dor é imensa minhas pernas tremem já não consigo mais me sustentar
vejo longe outra embarcação que desafia o mar
ali chora o povo que pela cor são julgados e condenados sem dó.

Hoje é um dia triste
com meu filho nos meus braços lanço-lhe ao mar
sem direito a se despedir meu coração geme e chora
desejo a morte, mas nem isso tenho
tudo me foi tirado.

Chego hoje a terras estranhas acompanhado por mais 30 que antes eram 200
cortam o meu cabelo
me põem expostos como objetos
ali se aproxima o dono da minha vida que por ela põe um preço
quanto custa uma vida? Pergunto eu ao Deus dos desgraçados.

Enfim chega o fatídico dia, levam-me para uma fazenda
põem-me sobre o sol com um chicote a estalar sou forçado a trabalha
minha bela filha é levada para a casa do dono da minha vida
choro peço-lhes piedade
em um ato de amor tento livra-la do cruel destino
amarrado e apresentado a todos como um prémio
ele se aproxima sobre sua mão um chicote que minha carne corta dilacerar e sangra
enfim só mais um comum dia de escravo.

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Sinto fome sede e frio
choro dia e noite longe da minha família
preso por correntes fico apanho por deseja o que me foi roubado
em tuas terras me forças a trabalhar
estupras minhas filhas e mata minhas crianças.

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