Quando penso na morte. Quando penso na... Lybia de Oliveira
Quando penso na morte.
Quando penso na morte, tento imaginar como seria a minha. Será que vou morrer de velhice, com alguma doença, em algum acidente? Será que vou sentir muita dor, será que vou sofrer muito, ou será que vou dormir, me anestesiar e apagar, como se fosse uma energia que acaba de repente?
Existem muitos conceitos do que há depois da morte... Qual será o certo? Afinal, não me lembro de ter morrido outras vezes, não me lembro de outras vidas, de outras passagens, de outro começo.
Isso tudo parece muito esquisito, mas quem nunca pensou nisso? Todos nós pensamos em morte e em como vamos morrer. Todos nós temos medo de morrer antes de realizarmos nossos desejos, concretizar os nossos planos, criar os nossos filhos, antes de conhecer nossos netos, antes de voltar a falar com aquela pessoa que não falamos há tempos, antes de dizermos obrigada para um grande favor que nos fizeram, antes de aproveitar tudo! Pensamos em como nossos entes queridos sentirão nossa falta, como eles poderão sofrer, como eles vão ficar, principalmente se tivermos alguém que depende muito de nós.
Realmente a vida é muito curta e quando paramos pra pensar que estamos sujeitos a morrer em qualquer hora, em qualquer dia, em qualquer segundo, vemos o quanto é valioso poder estar vivo e com saúde. É valioso cada momento de nossas vidas, cada palavra, cada imagem, cada namorado, cada esforço para qualquer desejo. Tudo o que temos é o agora, porque o amanhã eu não sei te dizer o que acontecerá. Fazemos planos, é lógico, porque somos animais racionais e podemos criar nosso futuro baseado nas nossas metas e desejos. No entanto, o futuro é algo abstrato e imprevisível. O agora, não. Ele é real, ele é o que está acontecendo independente de planos. Agora estou escrevendo esta crônica (bom, pelo menos espero que isso seja uma crônica, ou algo parecido), mas não sei o que eu estarei fazendo, daqui a pouco. Pretendo, ir para minha casa, mas pode acontecer algum imprevisto, o ônibus pode enguiçar e eu chegar duas horas depois do que eu planejava, posso encontrar com alguém que não vejo há muito tempo e parar para tomar um chopinho, de repente até mudar de destino (afinal, não estou com muita vontade mesmo de ir pra casa). Enfim, somos imprevisíveis, ou melhor, a vida é imprevisível e não podemos controlá-la inteiramente. Podemos fingir que temos controle sobre ela, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Somos interrompidos às vezes por um maldito telefonema (depois que inventaram o celular, não temos mais sossego) e já era aquele planejamento que talvez fizemos há dias, ou há meses...
Às vezes fico pensando que seria interessante saber o nosso futuro, com quantos anos vou casar, com quantos terei filhos e quando será a minha grande vitória profissional, quando vou morrer e de quê eu vou morrer. Mas, logo desisto, pois que graça haveria? Somos tão ignorantes que não sabemos o porque não sabemos do nosso futuro. Como diz a música: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há".
Assim vamos vivendo, aprendendo, errando, corrigindo (ou tentando corrigir), curtindo, até que um dia a morte na certa nos virá. Virá para todos; sejamos pobres, ricos, negros, brancos, bonitos, feios, novos, velhos... Morreremos um dia. E não adianta dizer que não curtiu, que não viveu, que não conseguiu, porque tivemos a oportunidade. Tivemos a vida nas nossas mãos e se não aproveitamos, isso foi um mero descuido e uma total ignorância dos fatos... Não soubemos aproveitar o agora, um sorriso, um olhar, um beijo, um abraço, um emprego, o dinheiro...