Ao Brasil De uma árvore recebes o nome... Rodrigo Solano
Ao Brasil
De uma árvore recebes o nome
Que como quase tudo aqui some
Povos língua e cultura
Por uma nação futura
Pretos brancos e pardos
Cada um com seus fardos
Um presente sem origem
Com o passado em fuligem
O teu futuro é um desejo
Sempre em busca de um ensejo
És sempre o futuro de um passado
Rasgando esse mundo raçado
Ó Brasil que não se atém
E dos outros tem desdém
É um espelho que te falta
Que te porias em pose alta
No Pão-de-Açúcar tuas curvas
E na calçada peles turvas
Opacidade de todas as cores
Ocultada por tantos amores
Amores que frutos produziram
E que as diferenças reduziram
Não és senão mestiço
Nem tão bom és por isso.
Raças que sim resistem
Raças que não existem
Raças que se intitulam
Raças que se misturam
Brasil o país da mistura
Que só pode ser pura
Deixa a mulata entrar
Pro samba aqui passar
Deixa o boi entoar
E o pajé mostrar o cocar
E aquele não é alemão
Só apelido de antemão
Índios, brancos e pretos
E estrangeiros fora dos guetos
Brasil terra do todo
Que logo saias do lodo
Não precisas de salvador
Tens o grande redentor
Tudo o que és tu Brasil
É o mundo que aqui se uniu
Brasil, mostra tua cara
Que ao mundo será odara
Tomara meu Deus, tomara!