Caça e Caçador Um dia a gente descobre... Edna Frigato
Caça e Caçador
Um dia a gente descobre que o significado das palavras, nem sempre corresponde ao que está no dicionário. O Aurélio, por exemplo é racional demais para capturar a sutileza dos sentimentos, para buscá-los onde a semântica não chega e à luz da emoção resignificá-los. Talvez isso caiba aos poetas, prosadores e cronistas, talvez não.
Eu, sempre achei que caçador era "aquele que pratica a caça", aquele que mata animais para se alimentar. Até aí tudo bem. O que o Aurélio não diz é que caçador também é uma metáfora nada poética para designar caçadas sentimentais, amorosas ou de cunho sensual.
Há homens que se sentem altamente atraídos por essa atividade milenar herdada dos seus ancestrais. Habilidosos, eles usam de todas as armas, manhas e artimanhas que estiverem ao seu dispor para abater a presa escolhida e, se aprimoram a cada uma que têm exito. As recatadas, tímidas e introvertidas são as suas preferidas, porque são essas as que vão se debaterem, resistir, fugir e quanto mais elas fizerem isso, mais endorfina o corpo deles libera e maior é a sensação fisiológica de prazer.
Quanto mais a presa correr, maior é a adrenalina que envolve a caçada e consequentemente maior é a satisfação. Quando a presa exausta se rende, a endorfina deles diminuí drasticamente, a adrenalina zera e o interesse acaba. Depois da presa abatida só resta tirar-lhes a pele para revestir o seus egos. E assim, eles seguem caçando outras, não porque necessitam, mas simplesmente, porque esse é o hobby preferido deles.