No jogo da vida cada um joga com as... fernanda de paula
no jogo da vida
cada um joga
com as armas que tem nas mãos
cada um faz suas próprias regras
e obedece suas próprias leis
e faz sua própria ditadura
perde a compostura
e o próprio coracao se sutura
quando se encontra em clausura
é peça pra tudo quanto é lado
é carta fora do baralho
é torre destruída e caída
é peão jogado pelo chão
é cavalo dando coice
é bispo sofrendo um açoite
é a rainha sendo descoroada
é o rei sendo destronado
é o caos se instalando geral
é uma zona bagunçada
são ordens aos subalternos
que andam sem ternos, quase pelados
e só faltam mandar arrancar o couro
do trabalhador surrado
que sempre paga o pato
porque a corda arrebenta do lado mais fraco
mas o jogo é assim mesmo
é viciante viver e se dá ao prazer
de jogar tudo pro alto
de se jogar, no que nos faz feliz
de jogar fora, o que nos faz mal
de jogar e blefar, contra a hipocrisia
de jogar o sapato, em sinal de alívio
de se jogar, num abraço apertado
de jogar um beijo carinhoso
de jogar os dados da sorte
de se jogar na cama e dormir
de jogar com a vida
assim como ela faz conosco
e ela nos passa a perna
e ficamos debaixo da terra
deixamos tudo para trás
tudo como está
absolutamente tudo
principalmente o que não iremos carregar
só a alma flutua até o céu chegar
e o coracao chora de saudade do lado de cá
onde ficou o jogo do amor
pra ser jogado, ou melhor, sentido
e ter (me) amado mais!!!